Clínica no Estoril

 

O espaço existente era exíguo, definido por paredes com diversas orientações, nunca formando ângulos rectos e provocando inúmeros cantos. Um ambiente apertado, agressivo, instável, opressivo, estático.

 

A intervenção pretendeu eliminar ângulos, estabelecendo transições suaves entre os diversos planos num movimento contínuo que nos transporta para a dimensão do esotérico. Os limites que nos envolvem transformam-se numa pele contínua, assumida como invólucro dos volumes que se distribuem no interior.

Uma aparência cinzenta, em microcimento, reveste as paredes, portas e armários, conferindo-lhes uma percepção homogénea e contínua. Os gabinetes são sólidos de vidro translúcido, com diversos índices de transparência, refletindo movimentos confundidos com sombras, revelados como gotas de água sobre a pele. No seu interior têm cor. Pavimento em vinil, de cores fortes, relacionadas com o pensamento Feng Shui.

A escada assume-se como uma escultura de madeira que nos transporta ao piso superior. Está solta, encosta-se à pele, não a perfurando, apresentando-se como corpo que a molda, empurrando-a. A madeira dispõe-se numa estrutura de ripado maciço entalhado que acentua as curvaturas verticalizando a sua percepção. O tratamento em verniz mate pincelado concede uma leitura pura, verdadeira e quente do material.

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